Em 1990, representantes dos oito países que falam português (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste) decidiram simplificar a grafia e unificar as regras. A implementação, no entanto, é lenta. A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro de 2006. Em 2007, o Ministério da Educação do Brasil começou a preparar as mudanças nos livros didáticos e pretende que elas estejam totalmente implantadas em 2009.
As tentativas de unificação ortográfica dos países lusófonos são antigas, datando do início do século 20. No Brasil, já houve duas reformas ortográficas em 1943 e 1971, ou seja, um brasileiro com mais de 65 anos vai passar por três reformas. Em Portugal, a última reforma aconteceu em 1945. E muitas diferenças entre Brasil e Portugal continuaram.
Há muita gente que rechaça a unificação, dizendo que há coisas mais importantes a fazer. Quem defende argumenta que o português é, das línguas mais faladas no mundo, a única que ainda não está unificada.
Veja quais as principais mudanças na ortografia:
Inclusão de letras
As letras antes suprimidas do alfabeto português (k, y e w) voltam, mas só valem para manter as grafias de palavras estrangeiras.
Fim das letras mudas
Em Portugal, é comum a grafia de letras que não são pronunciadas como facto para falar fato; óptimo para falar ótimo. Essas letras somem com a reforma.
Acentuação:
1. Fim do trema
O acento é totalmente eliminado. Assim, a palavra freqüente passa a ser escrita frequente.
2. Eliminação de acentos em ditongos
- Acaba-se o acento nos ditongos abertos “ei” e “oi” em palavras paroxítonas: idéia, jibóia, geléia,bóia.
- O acento circunflexo quando dois “os” ficam juntos também some. Assim, vôo vira vôo; enjôo vira enjôo, etc.
3. Eliminação dos acentos em I e U:
a) Não se acentua o U tônico depois de um ditongo em palavras paroxítonas: feiúra, baiúca, etc.
b) nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, alguns verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg[ü/u]ir), passam a ser grafados averigue, apazigue, arguem.
4. Cai o acento diferencial
Aquele acento que diferenciava palavras homônimas de significados diferentes acaba. Assim, pára do verbo parar vai ficar apenas para; pêra ficará apenas pêra, etc.
Permanecem os acentos nas formas verbais pôr, pôde (3a. pessoa do sing. do pret. perf. do ind. do verbo poder), têm e vêm (3as. pessoas do plural do pres. do ind.) e derivados: contêm, mantêm, convêm, provêm, etc.
Mudanças nos hifens
PROIBIÇÃO:
- Sai a maioria dos hifens em palavras compostas. Assim pára-quedas vira paraquedas.
- Quando o segundo elemento começar com s ou r, estas consoantes devem ser duplicadas: antirreligioso, antissemita, contrarregra, infrassom.
- Quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar com uma vogal diferente, não se usará mais o hífen: extraescolar, aeroespacial, autoestrada.
OBRIGATORIEDADE:
- Será mantido o hífen em palavras compostas cuja segunda palavra começa com h como pré-história.
- Em substantivos compostos cuja última letra da primeira palavra e a primeira letra da palavra são a mesma, será feita a introdução do hífen. Assim microondas vira micro-ondas, hiper-requintado, inter-resistente e super-revista. Exceção: o prefixo co não exige hífen mesmo no caso de a palavra seguinte começar por o: coobrigação, cooperativa, etc.
Um abraço!
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
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